18 de fevereiro de 2010

Cogeração: sustentabilidade é agora

Sustentabilidade é a palavra do século. Nesta semana um amigo, Sérgio Lagoa, comentou sobre este processo que promove a sustentabilidade. Entretanto não estamos falando do futuro, mas sim do presente. A cogeração consiste em produzir energia elétrica e térmica simultaneamente a partir de um combustível comum ou, melhor ainda, a partir de resíduos da atividade industrial.

Todos devemos saber que a atividade humana fatalmente produz muitos resíduos, principalmente lixo proveniente de atividades domésticas, industriais e da construção civil. Tudo que transformamos, em processos antropogênicos, gera produtos desinteressantes. O que devemos fazer com isso? Em geral, o transporte desse lixo infelizmente inviabiliza economicamente a reciclagem do mesmo, principalmente em cidades como São Paulo, que produz quantidades astronômicas de resíduos e possui apenas uma estação cadastrada para reaproveitamento de resíduos da construção civil, por exemplo. Imagine se vale a pena pagar para um caminhão transportar lixo no trânsito caótico de São Paulo (ver post do dia 09/09) por um percurso de, em alguns casos, 40 quilômetros! Inviável...

Em uma indústria de embalagens chamada INAPEL, localizada em Guarulhos (São Paulo), Sérgio ajudou a implantar um sistema de cogeração movido a gás natural. Este processo permite que a planta seja capaz de atingir um nível de eficiência beirando os 90%. Para se ter uma idéia, um carro movido a gasolina aproveita em média apenas 30% da energia contida em seu combustível.

A indústria de papel e plásticos produz muitos dejetos agressores de corpos d'água e da atmosfera, causando um déficit ambiental grave. As regulamentações impostas pelo governo a partir da década de setenta demandam investimentos por parte dessas indústrias de forma a minimizar o dano ocasionado, o que resulta em encarecimento dos produtos e impactos na economia. Essas externalidades podem ser generalizadas para a escala mundial, o que significa um impacto na economia mundial somente devido a passivos ambientais causados por indústrias.

Portanto, a otimização da produção energética na indústria através da cogeração traz benefícios não só do ponto de vista da auto-suficiência energética, mas também do ponto de vista econômico do mercado. O capital que antes era "queimado" na forma de combustível não aproveitado agora pode ser empregado no tratamento de emissões da indústria e, conseqüentemente, é capaz de beneficiar a oferta dos produtos oferecidos pela fábrica em questão de modo a melhor atender sua demanda no mercado.

É uma forma inteligente e eficiente de controle do meio-ambiente, A alternativa é capaz de ao menos minimizar drasticamente o problema ambiental sem que seja necessária a tributação. Temos aqui um exemplo claro do Teorema de Coase: o governo, ao incentivar indústrias a implantarem processos de cogeração, estão trazendo benefícios tanto para as empresas quanto para si mesmo.

A sustentabilidade é uma realidade!

Acesse: http://www.inapel.com.br/

Um comentário:

beeeth disse...

Bruno, não deveria ser responsabilidade do governo (de São Paulo, por exemplo) arcar com as despesas do caminhão que realiza o transporte de lixos para a correta destinação, visto que o governo tem verba suficiente para tal? Penso que quando falamos em sustentabilidade, e no oferecimento de condições de vida para o ser humano, não se deve medir gastos, sobretudo do governo, que poderia aproveitar melhor a verba, destinando-a para esses fins. O que você pensa sobre isso?

Elizabeth Pinheiro