A edição nº 140 deste mês da revista Você S/A divulgou alguns dados sobre fundos de investimentos "verdes", que segundo a publicação, podem ser de dois tipos: aqueles que incentivam projetos sustentáveis e os que investem no mercado de crédito de carbono. O primeiro tipo se trata de fundos para quem quer estimular empresas que tenham boas práticas de sustentabilidade. O destaque vai para o Fundo Ações Índice de Sustentabilidade Empresarial, lançado pelo Banco do Brasil em 2005 e cuja carteira é formada por ações de empresas que compõem o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), da BM&FBovespa. A rentabilidade do fundo em questão foi de 69% entre janeiro e dezembro de 2009, entretanto outros fundos que destinam parte da taxa de administração para projetos ambientais renderam menos, com rentabilidade semelhantes à da poupança e de outros investimentos como o CDB.
O segundo tipo de fundo de investimento "verde" é o que investe no mercado de crédito de carbono. Este é mais recente e tem como pioneiro no Brasil o Itaú Índice de Carbono Estratégia Protegida, o qual é associado ao índice de carbono Barclays Capital Global Carbon Índex Excess Return Euro e rendeu 0,27% entre setembro de 2009, mês de sua criação, a dezembro do mesmo ano. Mais expressivo foi o rendimento de 9,08% do Fundo Floresta Real do Grupo Santander, que investe em ativos de renda fixa e visa também neutralizar emissões de carbono do Grupo Santander por meio do reflorestamento, embora ainda precise da aprovação das Nações Unidas para recebimento dos créditos de carbono referentes à inclusão deste mecanismo como Mecanismo de Desenvolvimento Limpo.
Para recapitular, os créditos de carbono surgiram com o Protocolo de Quioto, o qual foi um acordo internacional assinado em 1997 e estipulou metas de redução dos gases geradores de efeito estufa (GEE's), como o gás carbônico e o metano, até 2012, em relação aos níveis de emissão registrados em 1990. Países mais poluidores, classificados como pertencentes ao Anexo I, se comprometeram a baixar suas emissões dentro do prazo estipulado. Entre eles estão Japão e União Européia.
A atuação dessas nações no nível de emissões se dá por uma legislação restritiva às indústrias, forçando-as a investir na redução da emissão dos GEE's através de certificados redução de emissão (CRE's), também conhecidos como créditos de carbono, que funcionam na prática como cotas para poluição. Por exemplo: uma empresa que tem como meta uma redução em 10% de suas emissões em um ano, receberá no começo do ano vigente uma cota de créditos de carbono referente a 90% de sua emissão total com referência na capacidade máxima de sua produção, sendo que esta deverá ao final do ano vigente apresentar créditos de carbono suficientes para cobrir todas as suas emissões. Caso isso não aconteça, a empresa é punida através de multa ou cessamento de suas atividades.
Fica a cargo da empresa deidir se investirá em novas tecnologias e sistemas de gestão a fim de reduzir suas emissões ou então negociar a compra de créditos de carbono de outras empresas que possuírem créditos não utilizados. Uma terceira opção é gerar créditos de carbono financiando Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL's) em países em desenvolvimento, pertencentes ao Anexo II. Os MDL's geralmente são tecnologias alternativas capazes de diminuir a emissão de indústrias em relação a outras tecnologias já existentes, entretanto isso precisa ser comprovado pelas Nações Unidas para que oficialmente sejam emitidos os créditos de carbono.
Os bancos, pela força que representam na economia, podem se tornar extremamente atuantes no fomento ao desenvolvimento sustentável, mas ainda são uma ferramenta bastante tímida neste ponto. Ao passo que estas mudanças ocorrerem, as empresas devem cada vez mais perceber como o investimento em desenvolvimento sustentável se reflete não só em ganhos com economia no processo produtivo e fortalecer a marca perante seus consumidores com a associação ao meio ambiente mas também por torná-la mais atraente a possíveis investidores interessados no crescimento sustentável da economia. A prática ainda está no início.
Embora a crise de 2008 e 2009 tenha feito o preço do crédito de carbono sofrer uma queda expressiva e a Conferência dos Líderes Mundiais em Copenhagen ter acabado em fracasso, o final da vigência do Protocolo de Quioto em 2012 não deve representar o final dos Créditos de Carbono. Os CRE's demonstram reação nos preços negociados neste início de 2010 e um novo acordo entre líderes mundiais deve ser assinado ainda este ano, a fim de se estabelecer novas metas de redução para 2050.
Um comentário:
Bacana esse artigo, gostei. Afinal se hoje em dia cada vez mais pessoas estão tomando coragem para optar por investimentos além da poupança, melhor que seja em sustentabilidade.
Abraços !
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