Todos os dias dirijo na Marginal do Tietê e vejo aquele trânsito monstro, com infinitos carros e caminhões emitindo gases de enxofre e carbono, potencializadores do efeito estufa. São Paulo tem muitos carros (aproximadamente 5 milhões) e poucos ônibus (aproximadamente 15.000), o que implica trânsito caótico e poluição além do aceitável. O primeiro é fonte de estresse, atraso e acidentes; já o segundo é a razão de doenças respiratórias, ilhas de calor sobre o município e baixa qualidade de vida.
Sempre que se fala em transporte público, não dá para não citar Curitiba, considerada pela UNESCO uma das 60 cidades-modelo. Operando com cerca de 1.900 ônibus que transportam meio milhão de passageiros e com grau de satisfação beirando 90% dos usuários, o município com população cerca de dez vezes menor que São Paulo é referência mundial em transporte público. A receita é simples: baixa relação de usuários por ônibus (263 contra os 467 de São Paulo) e alta eficiência na locomoção desses veículos com o sistema de terminais, estações-tubo e faixas exclusivas de ônibus.
Idéia semelhante foi adotada em São Paulo durante o mandato da ex-prefeita Marta Suplicy, com a implantação de corredores de ônibus em diversas vias de tráfego pesado, como as avenidas Rebouças, Eusébio Matoso, Ibirapuera e Paulista. Está previsto para este ano um novo corredor na avenida Sumaré. Acredito que a idéia mais sensata é estimular o uso do transporte público pela população através do oferecimento de um sistema eficiente e de qualidade, alcançado apenas com medidas deste cunho. Não há vantagem, sócio-econômica e jurídica, em desapropriar imóveis para ampliação e construção de vias para facilitar o fluxo de automóveis.
Espero o dia em que verei mais ônibus na Marginal Tietê do que carros. Se o transporte coletivo tivesse qualidade e eficiência, estaria disposto a manter o carro na garagem durante a semana.
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